#545 Lodaçal ateísta
July 15, 2018Caro Dr. Craig,
Eu me converti recentemente ao cristianismo; até dois meses atrás, era ateu niilista. Como fui ateu a maior parte da minha vida, a maioria de meus amigos também são ateus, muito ávidos em me dizer como estou errado em relação a Deus usando os escritos de Hitchens, Dawkins, etc. É por sua causa, de Alvin Plantinga, Frank Turek, John Lennox, Ravi Zacharias e um pouco de C. S. Lewis que comecei a perceber que o cristianismo deve ser verdadeiro.
O problema que meus amigos ateus mais mencionam contra mim é que pensam que a lógica e a razão se devem a composições químicas no cérebro. Sempre me dizem como todos somos química e eletricidade, e tudo se reduz a isto.
Minha pergunta é: como mostrar que a razão e a lógica não são reduzíveis a moléculas e átomos?
Ultimamente, ando um pouco irritadiço com eles e pergunto coisas como: “Se a razão é reduzível à química, quero que vocês parem de provar as coisas usando a ciência e a lógica (já que são produtos de átomos se movimentando) e provem tudo quimicamente e com tecido cerebral”. Ou: “Se tudo é matéria, provem-me tudo materialmente”. Sempre me respondem assim: “Lá no passado distante, nos tempos das cavernas, você acha que entenderiam algo do que está dizendo? Isso já serve para mostrar como a lógica se desenvolveu junto com o cérebro humano!”. Então, digo-lhes que, se tudo o que somos é química, não podemos chegar a conclusões lógicas ou científicas, visto que moléculas determinam nossos padrões de pensamento. Também digo que a ciência pressupõe que a lógica é verdadeira, e a lógica jamais poderá ser achada ou descoberta dentro do universo, uma vez que descobrir a lógica no cérebro como molécula ou átomo ou força física no universo usando a ciência significaria que estaríamos usando a lógica para descobrir a lógica, o que não faz nenhum sentido. Eles me dizem, então, que devo parar de pressupor que a lógica é verdade, e neste ponto desisto.
Existe algo falacioso em minhas proposições? Como posso convencê-los a parar de pressupor que o materialismo é verdadeiro? Qualquer ajuda sua seria uma maravilha.
Obrigado pela atenção.
Matthew
Canadá
Canada
Dr. Craig responde
A
Não acho que você precise de ajuda, Matthew! Suas respostas a seus amigos vão direto ao ponto. Não consigo segurar a risada diante do incoerente lodaçal cheio de contradições em que se metem alguns desses niilistas. É de assustar como essas pessoas ficam cegas à sua própria incoerência.
Se pensam que a lógica e a razão não são confiáveis porque “a lógica e a razão se devem a composições químicas no cérebro”, pergunte, então: “como vocês chegaram a essa conclusão?”. Se usaram lógica e razão, a afirmação deles se contradiz. Se não usaram, por que acreditar no que dizem? Essas pobres almas iludidas estão atoladas na incoerência e sequer o percebem.
Quando replicam: “Lá no passado distante, nos tempos das cavernas, você acha que entenderiam algo do que está dizendo? Isso já serve para mostrar como a lógica se desenvolveu junto com o cérebro humano!”, você deve explicar que, obviamente, a matemática e a lógica se desenvolvem ao longo do tempo à medida que as pessoas se tornam mais inteligentes e perspicazes. Isto, porém, não implica que 2+2 não fosse 4 antes das pessoas perceberem esta verdade. Pergunte se, lá na época das cavernas, antes que as pessoas entendessem a ideia de um planeta, a terra era redonda — ou será que a terra ficou redonda com o desenvolvimento da ciência? Estão, obviamente, confundindo conhecimento e realidade.
Quando dizem para “parar de pressupor que a lógica é verdade”, a reductio ad absurdum está completa. Você pode perguntar se acham que aquela afirmação é verdadeira, e não falsa — neste acaso, estão pressupondo que a lógica lei da contradição é verdadeira —, ou qual inferência tiram dela — e, neste caso, terão de pressupor as lógicas regras de inferência. Mas você deve estar correto que, quando alguém está tão atolado na irracionalidade, não faz muito sentido discutir mais a fundo. É aí que, talvez, simplesmente ser um amigo amoroso seja o melhor evangelismo.
- William Lane Craig
- William Lane Craig