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#664 Teorias empiricamente equivalentes são simultaneamente verdadeiras (ou falsas)?

February 02, 2020
Q

Olá, Dr. Craig.

Mais uma vez, quero agradecer por toda sua contribuição à causa do evangelho. Em seu debate com o Dr. Alex Rosenberg em 2013, o senhor mencionou que há “10 diferentes interpretações físicas da mecânica quântica” e “3 diferentes interpretações da relatividade especial” que são “todas teorias empiricamente equivalentes e, ainda assim, diferentes, sendo cada uma delas uma teoria científica legítima”.

Minha pergunta, então, é a seguinte:

1) Será que todas essas diferentes teorias sustentam o mesmo valor de verdade? Pode-se dizer que todas são igualmente verdadeiras?

2) Se não, o senhor poderia explicar o que quis dizer com “empiricamente equivalentes”?

3) Se sim, como é que tudo isto se encaixa na lei da não-contradição?

4) Por fim, a lei da não-contradição se aplica à totalidade do universo e tudo que nele há? Aguardo ansioso sua explicação.

Em Cristo,

Jacob

Índia

India

Dr. Craig responde


A

1) Não e não. Alguns cientistas, ainda sob a influência do verificacionismo, pensam que duas teorias que tenham as mesmas consequências empíricas são, na realidade, a mesma teoria, apenas apresentada em formas distintas. Em contraste, mantenho que duas teorias diferentes podem ter as mesmas consequências empíricas, mas, ainda assim, ser diferentes, por causa das diferentes estruturas físicas que elas postulam. Por exemplo, uma teoria que postula objetos tetradimensionais no espaço-tempo tem uma visão da realidade física muito distinta de uma teoria que postula objetos tridimensionais perdurando ao longo tempo. O verificacionismo suprime estas diferenças fundamentais, distorcendo, portanto, as descrições da realidade por parte das teorias.

2) Com “empiricamente equivalente”, pretende-se dizer que as teorias fazem as mesmas predições verificáveis. Não se pode dizer qual é verdadeira ou falsa ao examinar os dados científicos, pois as duas têm as mesmas consequências observáveis. Evidentemente, a esperança num impasse desses é que novos testes sejam desenvolvidos ou predições sejam feitas que nos possibilitarão discernir qual é verdadeira — se é que uma delas o é. Por exemplo, conforme explico em meu livro Time and Eternity (2001) [Tempo e eternidade], as consequências experimentais relacionadas ao teorema de Bell conferem amparo vigoroso à teoria neo-lorentziana da relatividade espacial, em contraste com a einsteiniana, sob pena de ver os sinais retrocederem no tempo, em relação a alguns quadros de referência.

3) A resposta a 2) é “sim, mas não”.

4) Assim, nenhuma violação da lei da contradição surge de teorias empiricamente equivalentes. Pelo contrário, se elas postulam diferentes estruturas físicas da realidade, no máximo, uma delas pode ser verdadeira. Leis e regras lógicas de inferências independem da realidade física, sendo necessárias e a priori e, portanto, aplicando-se “à totalidade do universo e tudo que nele há”.

- William Lane Craig