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#126 Inferências de Design e Familiaridade

May 13, 2016
Q

Dr. Craig - eu recentemente assisti um vídeo de uma palestra que você deu em que você explicou que uma explicação não requer uma explicação. Então você continuou argumentando que se um time de arqueólogos escavando na terra fosse descobrir artefatos parecendo machados eles estaria absolutamente certos em inferir que os artefatos foram criados por um projeto inteligente. Eu concordo completamente com esta declaração. Obviamente esta seria a melhor explicação apesar de não sabermos quem exatamente foram os projetistas. Mas aqui é onde fico empacado. Da forma como eu vejo, a razão pela qual podemos inferir que os artefatos eram o produto de um projetista inteligente é porque nós sabemos que o homem é capaz de projetar um machado. O mesmo poderia ser dito se os arqueólogos encontrassem uma flauta. Nós SABEMOS que o homem é capaz de projetar flautas. Nós já VIMOS homens projetando flautas. Portanto podemos dizer, “Bem, nós não sabemos quem exatamente projetou esta flauta mas podemos estar quase certos de que foi um homem.” Não temos evidência de qualquer outro ser além do homem projetando uma flauta. Ursos não projetam flautas. Aranhas não projetam flautas.

Mas podemos dizer o mesmo a respeito de, digamos, uma árvore? Nós sabemos que o homem não é capaz de projetar uma árvore ou uma folha de grama ou uma nuvem, etc... Então não podemos atribuir o design de uma árvore para um projetista inteligente da mesma forma que podemos com um machado ou uma flauta. Acho que minha pergunta é como podemos estar tão certos que uma árvore é o produto de design inteligente quando nós não temos evidências físicas de um projetista que é capaz de fazer o projeto de uma árvore?

Por favor não entenda que eu estou argumentando contra a existência de um projetista inteligente. Eu não sou ateu nem membro de qualquer religião. Eu não sou nada na verdade. Somente um jovem rapaz tentando achar a verdade. Neste momento estou inclinado para a existência de um Deus mas ainda luto com algumas questões complicadas. Respeito bastante seu trabalho e espero que você seja capaz de responder minha pergunta. Obrigado por seu tempo e paciência,

Sinceramente,

Sean

United States

Dr. Craig responde


A

O vídeo a que você se refere foi minha fala “O Delírio de Dawkins,” que responde a o que Richard Dawkins chama de “o argumento central” de seu bestseller Deus, um Delírio (veja uma porção do vídeo aqui). Sua suposta objeção fatal ao argumento a favor de um Projetista do universo é que ele levanta uma pergunta mais profunda, “Quem projetou o Projetista?”

Não está claro porquê esta pergunta deveria ser um problema para uma inferência de design. Em geral, a fim de reconhecer uma explicação como a melhor, você não precisa ter uma explicação da explicação. Na verdade, requerer tal coisa estaria levando a uma regressão infinita de explicações, até que nada poderia ser explicado, e ciência estaria destruída. No caso de um Projetista cósmico nós podemos deixar a pergunta aberta para questionamento futuro se este ser tem mesmo um projetista e se tem, quem este projetista seria.

Agora a sua preocupação é diferente da do Dawkins. Você diz que nós podemos inferir um projetista desconhecido para, digamos, artefatos arqueológicos porque estamos familiarizados com a produção de tais artefatos por seres humanos. Foi precisamente para prevenir esse tipo de objeção, porém, que eu deu minha segunda ilustração a respeito dos astronautas encontrando uma olha de máquinas na parte de trás da lua. Eles sabem que nenhum outro país a não ser os EUA tem aterrissado na lua e que nós não deixamos coisas lá! Nós podemos nem mesmo fazer ideia de como esses dispositivos funcionam, eles são irreconhecíveis. No entanto, apesar de tais máquinas não serem produto de design de inteligência humana, ainda é claramente o produto de design inteligente.

O ponto saliente é que design inteligente é caracterizado por certas marcas reconhecíveis que nos dão dicas de sua presença independentemente de nossa familiaridade com o projetista. Na análise de William Dembski em The Design Inference [A Inferência de Design] é a combinação de alta improbabilidade e conformidade com um padrão independentemente dado. Se descobrirmos tais características em, digamos, um sinal sendo emitido do espaço, como no filme Contato, então podemos inferir que o sinal não é um barulho casual mas o resultado de algum tipo de inteligência lá fora e que nós não estamos a sós.

No caso de complexidade biológica, qualquer reserva que tenhamos de uma inferência de design não é porque nós não vemos, por exemplo, árvores sendo produzidos por design inteligente, mas sim porque nós estamos incertos que uma árvore exibe aquelas dicas de design inteligente tal como alta improbabilidade e um padrão dado independentemente. O crítico do design oferecerá uma história evolucionária naturalista para mostrar que a improbabilidade da existência de uma árvore é meramente aparente e então não justifica a inferência ao design.

Eu acho, então, que se somos familiarizados ou não com produção humana de certos artefatos é na verdade uma distração. Em vez disso as perguntas relevantes seriam: (1) quais as características do design inteligente, e (2) alguma entidade exibe estas características?

- William Lane Craig