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Uma perspectiva cristã sobre a homossexualidade

Summary

Tentativa franca de abordar a questão do estilo de vida homossexual e sua possível imoralidade. Publicado anteriormente em Hard Questions, Real Answers (Wheaton, Ill.: Crossway, 2003) [em português, Apologética para questões difíceis da vida (São Paulo: Vida Nova, 2010)]. Dados médicos atualizados pelo Dr. Peter May, MRCGP, 2019.

Texto original disponível na íntegra em: https://www.reasonablefaith.org/writings/popular-writings/practical-issues/a-christian-perspective-on-homosexuality/

Um dos assuntos mais voláteis e importantes que a igreja enfrenta hoje é a questão da homossexualidade como estilo de vida alternativo. A igreja não pode se desviar da questão. A colisão entre interesses LGBT e liberdade religiosa, exemplificada no caso do confeiteiro do Colorado que se recusou, com base na consciência, a preparar um bolo de casamento carregando uma mensagem de endosso ao casamento de pessoas do mesmo sexo, além da redefinição de “casamento” feita pela Suprema Corte americana para incluir uniões de pessoas do mesmo sexo, empurraram a questão para lugar de destaque na cultura americana.

Cristãos que negam a legitimidade do estilo de vida homossexual são rotineiramente denunciados como homofóbicos, intolerantes e até odiosos. Há, portanto, enorme intimidação em relação ao assunto. Algumas igrejas se afastaram da posição cristã histórica, endossando o estilo de vida homossexual e até mesmo ordenando quem o pratica para servir como seus ministros.

A mudança não ocorre apenas em igrejas liberais. Evangelicals Concerned [Evangélicos Engajados] é um grupo de pessoas que, ao que tudo aparenta, são cristãos nascidos de novo e crentes na Bíblia, mas também homossexuais praticantes. Alegam que a Bíblia não proíbe a atividade homossexual ou que seus mandamentos não são válidos hoje, tratando-se apenas de reflexo da cultura em que a Bíblia foi escrita. Tais pessoas podem ser ortodoxas no que diz respeito a Jesus e todas as demais áreas da doutrina cristã, mas pensam ser biblicamente permissível viver como homossexual praticante. Recordo ter ouvido um estudioso de Novo Testamento, num simpósio acadêmico, relatar a seguinte história de sua palestra em um dos encontros desse grupo:

“O pessoal estava bem preocupado com o que você ia dizer”, seu anfitrião lhe falou em sinal de alívio, após o encontro.

“Por quê?”, perguntou ele surpreso. “Você sabe que não sou homofóbico!”

“Ah, não, essa não era a preocupação”, assegurou-lhe o anfitrião. “Tinham receio que você fosse histórico-crítico demais!”

Então, quem somos nós para dizer que esses cristãos aparentemente sérios estejam errados?

Pois bem, esta é uma pergunta muito boa. Quem somos nós para dizer que estejam errados? No entanto, esta pergunta suscita uma questão ainda mais profunda, que precisamos responder primeiro: certo e errado realmente existem? Antes de determinar o que é certo e errado, deve-se saber que realmente existe certo e errado.

Em busca do fundamento para o certo e o errado

Pois bem, qual é o fundamento para dizer que certo e errado existem, que há mesmo uma diferença entre os dois? Tradicionalmente, a resposta é que valores morais se fundamentam em Deus. Deus é, por sua própria natureza, perfeitamente santo e bom. Ele é justo, amoroso, paciente, misericordioso, generoso — tudo que é bom vem dele e reflete seu caráter. Ora, a natureza perfeitamente boa de Deus se expressa para conosco na forma de mandamentos morais, que constituem nossos deveres morais. Por exemplo: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo teu coração, entendimento e força”; “Amarás teu próximo como a ti mesmo”; “Não matarás, não roubarás, não adulterarás”. Tais ações são certas ou erradas com base nos mandamentos de Deus, e os mandamentos de Deus não são arbitrários, mas fluem de sua natureza perfeita.

Este é o entendimento cristão de certo e errado. Existe, de fato, o ser divino, que criou o mundo e se lhe fez conhecido. Ele realmente ordenou certas coisas. Nós somos, de fato, moralmente obrigados a fazer certas coisas (e não fazer outras). Moralidade não está apenas na nossa mente. Ela é real. Quando não conseguimos guardar os mandamentos divinos, somos, de fato, moralmente culpados diante dele e necessitamos de seu perdão.

O problema não é apenas que nos sintamos culpados; somos mesmo culpados, independentemente do nosso sentimento. Talvez não me sinta culpado porque tenho consciência insensível, embotada pelo pecado; porém, se quebrei a lei de Deus, sou culpado, independentemente do que sinta.

Assim, por exemplo, se os nazistas tivessem ganhado a Segunda Guerra Mundial e tivessem tido êxito em fazer lavagem cerebral ou em exterminar todos que discordassem deles, de modo que todos pensassem que o Holocausto foi bom, ainda assim teria sido errado, pois Deus diz que é errado, independentemente da opinião humana. A moralidade se fundamenta em Deus e, portanto, existem certo e errado de verdade, sendo inalterados pelas opiniões humanas.

Enfatizei este elemento por ele ser tão estranho ao que tantas pessoas em nossa sociedade atual pensam. Muitos pensam em certo e errado não como questões de fato, mas de gosto. Por exemplo, não é fato objetivo que brócolis tem gosto bom. Tem gosto bom para algumas pessoas, mas ruim para outras. Talvez tenha gosto ruim para você, mas tem gosto bom para mim! Não há aí nenhum certo ou errado de verdade. É apenas uma questão de opinião.

Pois bem, se Deus não existe, acho que essas pessoas estão absolutamente corretas. Na ausência de Deus, tudo se torna relativo. Certo e errado se tornam relativos a diferentes culturas e sociedades. Sem Deus, quem pode dizer que os valores de uma cultura são melhores do que de outras? Quem pode dizer quem está certo e quem está errado? De onde vêm certo e errado? Richard Taylor, destacado filósofo americano — aliás, ele não é cristão —, apresenta este argumento com muito vigor. Veja atentamente o que ele diz:

A ideia de... obrigação moral é clara o bastante, desde que se entenda a referência a algum legislador superior... àqueles do estado. Em outras palavras, nossas obrigações morais podem... ser entendidas como aqueles impostas por Deus... Mas e se não se leva mais em conta este legislador superior ao humano? Será que o conceito de obrigação moral... ainda faz sentido?[1]

 

Taylor acha que a resposta é “não”. Ele prossegue: “O conceito de obrigação moral é ininteligível sem a ideia de Deus. As palavras permanecem, mas seu significado se perde”.[2] Ele diz ainda:

 

A era moderna, ao mais ou menos repudiar a ideia de um legislador divino, tentou, no entanto, reter as ideias de certo e errado morais, sem perceber que, ao lançar fora Deus, também aboliu a significância de certo e errado. Assim, mesmo quem é instruído declara que coisas como guerra ou aborto ou a violação de determinados diretos humanos são moralmente erradas, imaginando que disseram algo verdadeiro e significativo. Quem é instruído não precisa ser avisado, porém, que questões como estas jamais foram respondidas fora da religião.[3]

 

Conseguem captar o que até mesmo este filósofo não-cristão está dizendo? Se Deus não existe, se nenhum legislador divino existe, não há lei moral. Se não há lei moral, não há certo e errado de verdade. Certo e errado são apenas costumes e convenções humanos que variam de sociedade para sociedade. Não há nenhum ponto de vista transcendente a partir do qual devam ser julgados. Mesmo que todos concordassem com tais costumes e convenções, ainda não seriam nada além de invenções humanas, decorrentes talvez da evolução biológica e do condicionamento social.

Assim, se Deus não existe, tampouco existem certo e errado objetivos. Vale tudo, incluindo o comportamento homossexual. Por isso, uma das melhores maneiras de defender a legitimidade do estilo de vida homossexual é virar ateu. Mas o problema é que muitos defensores do estilo de vida homossexual não querem virar ateus. Em especial, querem afirmar que certo e errado existem. Assim, com frequência os ouvimos a fazer juízos morais, por exemplo: “É errado discriminar homossexuais”. E tais juízos morais não têm a intenção de ser apenas relativos a uma cultura ou sociedade. Eles condenariam uma sociedade como a Alemanha nazista, que aprisionou homossexuais em campos de concentração, ao lado de judeus e outros supostos indesejáveis. Quando o estado do Colorado aprovou uma emenda alguns anos atrás proibindo direitos civis especiais para homossexuais, Barbara Streisand convocou um boicote ao estado, dizendo: “O clima moral no Colorado ficou inaceitável”.

Vimos, porém, que este tipo de juízo de valor não pode ser feito com significado algum, a menos que Deus exista. Se Deus não existe, vale tudo, incluindo a discriminação e a perseguição de homossexuais. Mas não pára por aí: homicídio, estupro, tortura, abuso infantil — nada disto seria errado, pois, sem Deus, não existem certo e errado objetivos. Tudo é permitido.

Portanto, se queremos conseguir tecer juízos morais sobre o que é certo ou errado, temos de afirmar que Deus existe. Sendo assim, porém, a mesma pergunta com a qual começamos — “Quem é você para dizer que o estilo de vida homossexual é errado?” — pode ser feita ao ativista gay: “Quem é você para dizer que o estilo de vida homossexual é certo?”. Se Deus existe, não se pode ignorar o que Ele tem a dizer sobre o assunto. A resposta correta a “Quem é você...?” é dizer: “Eu? Não sou ninguém! É Deus quem determina o que é certo e errado, e estou apenas interessado em aprender e obedecer ao que ele diz”.

Deixe-me, então, recapitular o que vimos até agora. A questão da legitimidade do estilo de vida homossexual é uma questão ligada ao que Deus tem a dizer a este respeito. Se Deus não existe, não existem certo e errado, e não faz diferença alguma qual estilo de vida se escolha — quem condena homossexuais é moralmente equivalente a quem defende a homossexualidade. Tudo é relativo e subjetivo. Contudo, se Deus existe, não podemos mais agir apenas com base em nossas próprias opiniões. Temos de descobrir o que Deus pensa acerca do assunto.

O argumento declarado

Assim, como descobrir o que Deus pensa? O cristão diz: procure na Bíblia. E a Bíblia nos diz que Deus proíbe atos homossexuais. Logo, estão errados.

Portanto, o raciocínio funciona basicamente assim:

(1) Somos obrigados a fazer a vontade de Deus.

(2) A vontade de Deus é expressa na Bíblia.

(3) A Bíblia proíbe o comportamento homossexual.

(4) Logo, o comportamento homossexual é contra a vontade de Deus — ou seja, é errado.

 

Ora, se alguém quiser resistir a este raciocínio, terá de negar ou que (2) a vontade de Deus é expressa na Bíblia ou, então, que (3) a Bíblia proíbe o comportamento homossexual.

Será que Bíblia proíbe o comportamento homossexual?

Atentemos, primeiramente, para o ponto (3): será que a Bíblia proíbe mesmo o comportamento homossexual?[4] Ora, observe como formulei a pergunta. Não perguntei: será que a Bíblia proíbe a homossexualidade, mas, sim, será que a Bíblia proíbe o comportamento homossexual? Trata-se de importante distinção. Ser homossexual é estado ou orientação; uma pessoa que tem orientação homossexual pode jamais expressar tal orientação por meio de ações. Em contraste, alguém pode praticar atos homossexuais mesmo que tenha orientação heterossexual. Pois bem, o que a Bíblia condena são ações ou comportamento homossexuais, e não o possuir orientação homossexual. A ideia de que a pessoa é homossexual por orientação se trata de característica da psicologia moderna e talvez fosse desconhecida no mundo antigo. Estavam familiarizados é com atos homossexuais, e é isto que a Bíblia proíbe.

Ora, isto tem implicações enormes. Em primeiro lugar, significa que todo o debate sobre a possibilidade da homossexualidade ser algo com o qual se nasce ou ser o resultado de como se foi criado não tem nenhuma importância, no fim das contas. O importante não é como se adquiriu a orientação, mas o que se faz com ela. Alguns defensores do estilo de vida homossexual são ávidos por provar que os genes, e não a criação, determinam se a pessoa é homossexual, pois, assim, o comportamento homossexual seria normal e correto. Porém, tal conclusão não procede, de modo algum. O simples fato de ser geneticamente disposto a algum comportamento não significa que o comportamento é moralmente correto. Para citar um exemplo, há pesquisadores que suspeitam haver um gene que predispõe certas pessoas ao alcoolismo. Será que isto significa que não há problema em alguém com tal predisposição decidir beber a seu bel-prazer e se tornar alcoólatra? Claro que não! No mínimo, deveria alertá-lo a abster-se do álcool, de modo a evitar que isto aconteça. Pois bem, a dura verdade é que não entendemos plenamente os papéis da hereditariedade e do ambiente na produção da orientação homossexual. Mas isto pouco importa. Mesmo que a homossexualidade fosse completamente genética, o fato em si não implicaria que tal estilo de vida seja moralmente aceitável e deva ser satisfeito.

Em todo caso, seja a orientação homossexual decorrente da genética, seja da criação, as pessoas geralmente não escolhem ser homossexual. Muitos homossexuais testificam como é agonizante achar-se com tais desejos e lutar contra eles, dizendo que jamais escolheriam ser assim. E a Bíblia não condena a pessoa por ter uma orientação homossexual. O que ela condena são os atos homossexuais.

Portanto, é perfeitamente possível ser homossexual e, ao mesmo tempo, um cristão nascido de novo e cheio do Espírito. Como um alcoólatra que está limpo se levantará numa reunião dos Alcoólicos Anônimos e dirá: “Sou alcoólatra”, assim também um homossexual que viva retamente e se mantenha puro poderá se levantar numa reunião cristã de oração e dizer: “Sou homossexual, mas, pela graça de Deus e o poder do Espírito Santo, vivo em castidade para Cristo”. E espero que tenhamos a coragem e o amor para acolhê-lo como irmão ou irmã em Cristo.

Pois então, novamente, a pergunta é a seguinte: será que Bíblia proíbe o comportamento homossexual? Bem, já disse que sim. A Bíblia é realista demais! Talvez não fosse de se esperar que ela mencionasse um assunto como o comportamento homossexual, mas, na realidade, há seis lugares na Bíblia — três no Antigo e três no Novo Testamento — onde se trata diretamente da questão, sem contar todas as passagens que lidam com casamento e sexualidade, com implicações para a questão. Em todas essas seis passagens, atos homossexuais são condenados categoricamente.

Levítico 18.22 diz que é abominação um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher. Em Levítico 20.13, prescreve-se a pena de morte em Israel para tal ato, ao lado do adultério, incesto e bestialidade. Pois bem, por vezes, defensores homossexuais atenuam estas proibições ao compará-las às proibições no Antigo Testamento de se ter contato com animais impuros, como porcos. Como cristãos atualmente não obedecem a todas as leis cerimoniais veterotestamentárias, também, assim também, dizem eles, não temos de obedecer às proibições de ações homossexuais. O problema com este argumento, no entanto, é que o Novo Testamento reafirma a validade das proibições veterotestamentárias do comportamento homossexual, como veremos adiante. Isto mostra que não eram apenas parte das leis cerimoniais do Antigo Testamento, que foram anuladas, mas, sim, parte da lei moral eterna de Deus. O comportamento homossexual é, aos olhos de Deus, um pecado grave. O terceiro lugar onde atos homossexuais são mencionados no Antigo Testamento é a aterradora história, em Gênesis 19, da tentativa de estupro coletivo das visitas de Ló pelos homens de Sodoma, de onde deriva nossa palavra sodomia. Deus destruiu a cidade de Sodoma por causa da perversidade deles.

Como se não bastasse, o Novo Testamento também proíbe o comportamento homossexual. Em 1 Coríntios 6.9-10, Paulo escreve: “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem os que se submetem a práticas homossexuais, nem os que as procuram, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem caluniadores, nem os que cometem fraudes herdarão o reino de Deus”. Aqui, a lista fala de parceiros ativos e passivos no intercurso homossexual masculino, conforme aparece na literatura grega. (Como disse, a Bíblia é muito realista!) O segundo termo do par também está elencado em 1 Timóteo 1.10 ao lado de fornicadores, mercadores de escravos, mentirosos e homicidas, como “contrário[s] à sã doutrina”. O tratamento mais extenso da atividade homossexual aparece em Romanos 1.24-28. Ali, Paulo fala como as pessoas se desviaram do Deus criador e passaram a adorar falsos deuses, conforme sua própria imaginação. Diz ele:

É por isso que Deus os entregou à impureza sexual, ao desejo ardente de seus corações, para desonrarem seus corpos entre si; pois substituíram a verdade de Deus pela mentira e adoraram e serviram à criatura em lugar do Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso, Deus os entregou a paixões desonrosas. Porque até as suas mulheres substituíram as relações sexuais naturais pelo que é contrário à natureza. Os homens, da mesma maneira, abandonando as relações naturais com a mulher, arderam em desejo sensual uns pelos outros, homem com homem, cometendo indecência e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro.

Estudiosos liberais fazem malabarismos para tentar descartar o sentido claro destes versículos. Há quem diga que Paulo está apenas condenando a prática pagã de homens que exploram sexualmente meninos. Porém, esta interpretação é patentemente errada, uma vez que Paulo diz, nos versículos 24 e 27, que estes atos homossexuais de homens foram cometidos “entre si... homem com homem” e, no versículo 26, fala também de atos homossexuais lésbicos. Outros acadêmicos dizem que Paulo está apenas condenando heterossexuais que praticam atos homossexuais, e não homossexuais que assim o fazem. No entanto, esta interpretação é forçada e anacrônica. Já dissemos que foi somente em tempos modernos que se desenvolveu a ideia de orientação homossexual ou heterossexual. Dado o contexto veterotestamentário desta passagem, bem como o que Paulo afirma em 1 Coríntios 6.9-10 e 1 Timóteo 1.10, fica claro que, no caso, Paulo está proibindo todos atos semelhantes. Ele enxerga neste comportamento prova de mente corrupta que se desviou de Deus e foi por Ele abandonada à degeneração moral.

Assim, a Bíblia é muito direta e clara quando se trata de comportamento homossexual. É contrário ao desígnio divino e é pecado. Mesmo que não houvesse todas essas passagens explícitas tratando de atos homossexuais, tais atos seriam, ainda assim, proibidos sob o mandamento: “Não adulterarás”. O plano divino para a atividade sexual humana é que ela está reservada ao casamento heterossexual: qualquer atividade sexual fora da segurança do vínculo matrimonial — quer sexo pré-conjugal ou extraconjugal, quer sexo heterossexual ou homossexual — está proibida. O sexo foi designado por Deus para o casamento.

Há quem possa dizer que, se Deus pretendeu o sexo para o casamento, basta ratificar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e, então, quem pratica tal atividade não cometerá adultério! Porém, esta sugestão entende muito mal a intenção divina para o casamento. A história da criação em Gênesis conta como Deus criou a mulher como parceira que correspondia ao homem, seu perfeito complemento, dado por Deus. Então, diz: “Portanto, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne”. Este é o padrão de Deus para o casamento, e, no Novo Testamento, Paulo cita esta mesma passagem e, então, diz: “Esse mistério é grande, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Efésios 5.32). Paulo diz que a união entre o homem e sua esposa é símbolo vivo da unidade de Cristo com seu povo, a Igreja. Quando pensamos nisto, podemos ver que terrível sacrilégio, que zombaria do plano de Deus, é a união homossexual. Vai de encontro à intenção divina para a humanidade, desde o momento da criação.

O que foi dito acima também mostra como é frívolo quando alguns defensores homossexuais dizem: “Jesus nunca condenou o comportamento homossexual; por isso, por que nós deveríamos fazê-lo?”. Jesus não mencionou especificamente muitas coisas que sabemos ser erradas, como bestialidade ou tortura, mas isto não significa que ele as aprovava. O que Jesus faz é citar Gênesis para afirmar o padrão de Deus para o casamento como o fundamento para seu ensinamento sobre o divórcio. Em Marcos 10.6-8, diz Ele: “Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe... e os dois serão uma só carne. Assim, já não são mais dois, porém uma só carne”. Dois homens se tornarem uma só carne no intercurso homossexual seria violação da ordem e desígnio da criação de Deus. Ele criou homem e mulher para serem indissoluvelmente unidos em casamento, e não dois homens ou duas mulheres.

Recapitulando, então, a Bíblia clara e consistentemente proíbe a atividade homossexual. Logo, se a vontade de Deus está expressa na Bíblia, segue daí que o comportamento homossexual é contra a vontade de Deus.

Será que a vontade de Deus está expressa na Bíblia?

Mas suponha que alguém negue o ponto (2), segundo o qual a vontade de Deus está expressa na Bíblia. Suponha que ele diga que as proibições contra o comportamento homossexual eram válidas para aquele tempo e aquela cultura, mas não são mais válidas hoje. Afinal, a maioria de nós provavelmente concordaria que certos mandamentos na Bíblia são relativos à cultura. Por exemplo, a Bíblia diz que mulheres cristãs não deveriam usar joias e que homens não deveriam ter cabelos compridos. Porém, a maioria de nós diria que, embora estes mandamentos tenham uma essência atemporal válida — como, digamos, a ordem para vestir-se com modéstia —, esse princípio essencial pode ser expresso diversamente em diferentes culturas. Da mesma maneira, há quem diga que as proibições da Bíblia contra o comportamento homossexual não são mais válidas em nossa época.

Mas penso que esta objeção representa um grave equívoco. Não há indicações de que os mandamentos de Paulo relacionados a atos homossexuais sejam culturalmente relativos. Longe de serem reflexo da cultura em que escreveu, os mandamentos de Paulo eram absolutamente contraculturais! A atividade homossexual era difundida na sociedade grega e romana, tanto quanto o é hoje nos Estados Unidos, mas, ainda assim, Paulo se ergueu contra a cultura e se lhe opôs. Mais importante ainda, vimos que as proibições bíblicas contra a atividade homossexual estão fundamentadas não na cultura, mas no padrão dado por Deus para o casamento, conforme estabelecido na criação. Não se pode negar que a proibição bíblica de relações homossexuais expresse a vontade de Deus, a menos que também se rejeite que o casamento em si expressa a vontade de Deus.

Bem, suponha que alguém venha a dizer: “Creio em Deus, mas não no Deus da Bíblia. Por isso, não acredito que a Bíblia expresse a vontade de Deus”. O que você diz a uma pessoa assim?

Parece-me haver duas formas de responder. Primeiro, pode-se tentar mostrar que Deus se revelou na Bíblia. É a tarefa da apologética cristã. Pode-se falar das provas para a ressurreição de Jesus ou para o cumprimento de profecias. As Escrituras, na verdade, ordenam-nos como cristãos a prepararmos a defesa para apresentá-la a quem quer que nos pergunte sobre o porquê de crermos nos que cremos (1 Pedro 3.15).

Ou, segundo, pode-se tentar mostrar que o comportamento homossexual é errado apelando para verdades morais geralmente aceitas (fundamentadas em Deus) que até mesmo quem não crê na Bíblia aceita. Embora tal abordagem seja mais difícil, acho que ela é crucial, se nós cristãos quisermos impactar nossa cultura contemporânea. Vivemos numa sociedade que é cada vez mais pós-cristã, cada vez mais secular. Não podemos simplesmente recorrer à Bíblia, se quisermos influenciar nossa cultura, pois a maior parte das pessoas não crê mais na Bíblia. Precisamos dar razões que têm apelo mais amplo.

Um apelo arreligioso e apartidário: os efeitos nocivos do estilo de vida homossexual

Por exemplo, penso que muitos concordariam com o princípio de que é errado praticar comportamento autodestrutivo. Pois tal comportamento destrói um ser humano que é intrinsicamente valioso. Assim, muitos, penso eu, diriam que é errado virar alcoólatra ou fumante compulsivo. Diriam que é bom comer bem e manter-se em forma. Além disso, penso que quase todos concordariam com o princípio de que é errado praticar comportamento que prejudique o próximo injustificadamente. Por exemplo, restringimos o fumo a determinadas áreas ou o banimos completamente para que outros não tenham de inalar a fumaça passivamente e aprovamos leis contra a condução sob efeito do álcool para que pessoas inocentes não se machuquem. Quase todos concordam que, na ausência de alguma justificação moral sobressalente, não se tem o direito de praticar comportamento destrutivo a outro ser humano.

Mas não é difícil mostrar que o comportamento homossexual traz consigo enormes riscos de prejuízo a indivíduos e seus parceiros. Tais fatos não são divulgados abertamente; isto foi denominado “a epidemia oculta”.[5] Hollywood, paradas do orgulho gay e a mídia são incansáveis em seu esforço de dar uma aprazível imagem à homossexualidade, quando, na verdade, trata-se de estilo de vida com perigos bem reais, sendo tão viciante e destrutivo quanto o alcoolismo e o fumo. Sem dúvida, todos “devem ter a oportunidade de fazer escolhas que levam à saúde e ao bem-estar”.[6] Assim, todos nós precisamos estar informados acerca desses riscos.

Maior promiscuidade?

O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC — Centre for Disease Control and Prevention) relatou, em 2017, que, após um nível historicamente baixo em 2001, os índices de infecção de sífilis precoce aumentaram quase todos os anos desde então, subindo 10,5% durante 2016-2017. Homens representaram quase 90% de todos os casos, 68% deles sendo homens que fazem sexo com homens (HSH), onde tal informação era conhecida. Onde a questão do HIV também era conhecida, 45% desses HSH também eram soropositivos.

Por que isto acontece? Será que homossexuais são mais promíscuos do que heterossexuais? Um estudo recente revelou diversos fatores que contribuem para a situação.[7] HSH têm mais probabilidade de começar relações sexuais em idade mais jovem, além de terem também mais probabilidade de continuar a entrar em novas relações em idade mais velha. Têm incidência maior na formação de relacionamentos com parceiros significativamente mais velhos, que têm mais riscos de serem portadores de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Têm duas ou três vezes mais chances de relatar relacionamentos simultâneos em comparação com heterossexuais. Quando medidos na questão do número de novos parceiros no ano anterior, o estudo descobriu que, dentre HSH com idade de 18-24 anos, 86% tiveram um novo relacionamento no ano anterior, em comparação com 56% de heterossexuais. Porém, para aqueles com idade de 35-39 anos, os números comparáveis foram de 72% de HSH, em contraste com 21% de heterossexuais. O número de HSH que experimentam fidelidade monogâmica a um parceiro por toda a vida parece tão pequeno que chega a ser quase zero.

Solidão

Consequência importante de relacionamentos múltiplos é a solidão a longo prazo. Para homossexuais, isto se agrava na idade avançada pela ausência de crianças e de uma rede de vínculos familiares próximos.

Transtornos mentais, uso de drogas e álcool

Associados à promiscuidade e à solidão, pesquisas internacionais relatam diversos transtornos mentais ocorrendo com frequência mais significativa entre homossexuais. Incluem-se aí ansiedade, depressão, pensamentos suicidas, automutilação, alcoolismo e dependência de drogas. Um estudo detalhado[8] mostrou que homossexuais têm, em geral, duas vezes mais chances de ser depressivos, de sofrer transtornos fóbicos, de depender de drogas, de depender de álcool, de ter experimentado automutilação e de ter necessitado de ajuda psiquiátrica, em relação à população geral, enquanto que seus índices de felicidade caíam pela metade.

Este estudo também analisou a discriminação para observar se tais problemas de saúde mental poderiam ser atribuídos ao estigma social. No entanto, descobriram que “o nível absoluto de discriminação era comparativamente baixo”. Uma constatação interessante e inesperada foi que o grupo heterossexual também relatou discriminação contra si, com base em sua orientação sexual, embora com prevalência reduzida. Tais constatações são significativas, na medida em que problemas de saúde mental na comunidade gay costumam ser atribuídos ao estigma social e ao “estresse de minoria”. Tais estresses sem dúvida existem, mas outros fatores ligados ao estilo de vida parecem ser ainda mais nocivos ao bem-estar dessas pessoas.

Tentativas de suicídio

É difícil saber quantos suicídios estão diretamente relacionados à homossexualidade, uma vez que a orientação sexual não vai registrada em certidões de óbito. Sabemos, porém, com base em estudo abrangente, que as tentativas de suicídio entre homossexuais são duas vezes mais comuns do que entre heterossexuais.[9]

Riscos à saúde física

Outro segredo bem guardado é o grande perigo físico que o comportamento homossexual pode apresentar. Nossos corpos, masculino e feminino, foram projetados para o intercurso sexual de um modo que dois corpos masculinos não o são. O esfíncter anal pode ser dilacerado e permanentemente danificado por trauma, levando a incontinência crônica, especialmente evidente quando se sofre diarreia. A parede do reto é muito fina e vulnerável a infecções sexualmente transmissíveis. O vírus papiloma humano (HPV) aumenta o risco de câncer anal, sendo a causa de praticamente todo câncer cervical. Outros fatores de risco para isto incluem a quantidade múltipla de parceiros sexuais. Todos os anos, nos Estados Unidos, mais de 33 mil homens e mulheres são diagnosticados com cânceres causados por HPV[10] e, em anos recentes, houve um aumento acentuado na incidência de câncer colorretal em adultos jovens.

Em geral, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são drasticamente maiores na população homossexual. Elas incluem infecções bacterianas como gonorreia e sífilis.

Conforme notamos, antes de 2011, a sífilis estava em declínio constante no mundo ocidental. De acordo com o CDC, a mudança atual foi primariamente atribuída a aumentos entre homens e, especificamente, a homens que fazem sexo com homens (HSH),[11] entre os quais há aumentos comparáveis de gonorreia e HIV.[12] Estes são atribuídos ao comportamento de alto risco entre HSH,[13] enquanto que a incidência destas doenças entre heterossexuais permaneceu estável.

O CDC concluiu que a maioria dos casos primários e secundários de sífilis ocorreram entre HSH. Para entender a relevância desta afirmação, precisamos nos dar conta de que HSH representam menos de 2% da população; ainda assim, este pequeno grupo representa mais de 50% de todos os casos de sífilis.

Sífilis é importante por não ser facilmente diagnosticada e, com frequência, permanecer não-tratada. Pode apresentar-se como ferida que parece melhorar espontaneamente, mas, então, silenciosamente afeta outras partes do corpo, incluindo o cérebro e o sistema nervoso. Além disso, pode ser transmitida a crianças recém-nascidas. Desde 2013, o índice de sífilis congênita aumenta a cada ano. Em 2017, houve 918 casos reportados nos Estados Unidos, incluindo 64 natimortos sifilíticos e 13 mortes de bebês, um aumento de 43,8% em relação a 2016 e de 153% em relação a 2013.[14]

Gonorreia atingiu níveis epidêmicos na comunidade gay, e há medo crescente de que essas bactérias venham a se tornar imunes a todos os antibióticos conhecidos. Clamídia é a IST mais comum nos Estados Unidos, além de representar quase metade de todas as ISTs na Inglaterra, em especial entre adultos jovens. Pode causar infertilidade, gravidez ectópica, artrite e aumento do risco de contrair HIV.

Expectativa de vida

Em razão dos avanços drásticos no tratamento de infecções por HIV, bem como a disponibilidade de vacinas de HPV e HBV, a expectativa de vida na comunidade LGBT aumentou significativamente. Costumava-se dizer no início deste milênio que homens gays e bissexuais poderiam esperar morrer prematuramente, cerca de 20 anos antes, sendo AIDS devida a HIV a maior causa de morte. Se o vírus é detectado cedo, agora pode ser tratado, de modo que a expectativa de vida pode chegar mais perto da normal. Mas aí está um grande “se”. Muitas pessoas infectadas com HIV vivem por anos antes de sequer suspeitá-lo, muitos menos de diagnosticá-lo e tratá-lo. Atualmente, os números para a expectativa de vida geral entre homossexuais são bastante debatidos, ao passo que medidas e tratamentos preventivos para melhorar sua expectativa de vida consomem enormes quantidades de dinheiro dos orçamentos dos sistemas de saúde. O tratamento de HIV estimado ao longo da vida, por pessoa, nos Estados Unidos, custa US$379.668,00 em 2010.[15] No Reino Unido, em 2015, era de £380.000,00 por pessoa.[16] Olhando por outro ângulo, evitar que apenas uma pessoa fosse infectada com HIV economizaria essa soma de dinheiro do sistema de saúde.        

Assim, pode-se apresentar forte argumento baseado em princípios morais geralmente aceitos que o comportamento homossexual deve ser evitado. Ele provavelmente será prejudicial aos indivíduos, seus parceiros e à comunidade como um todo. Portanto, sem recorrer às proibições bíblicas, há motivos médicos e sociais válidos para considerar errada a atividade homossexual, em razão dos danos que ela pode infligir ao indivíduo ou a outrem.

Ora, daí decorrem implicações importantes para a política pública relacionada ao comportamento homossexual. Leis e políticas públicas se baseiam em princípios morais geralmente aceitos. É por isso que, por exemplo, temos leis que regulam a venda de álcool de diversas formar ou leis que proíbem a jogatina ou regulamentos que restringem o fumo. Tais restrições na liberdade individual são impostas para o bem comum.

Em alguns casos, pode-se propor leis relacionadas à atividade homossexual, e os cristãos terão de pensar bastante a respeito delas, caso a caso. Por exemplo, o cristão pode ver bons motivos para apoiar leis que garantam oportunidades iguais na compra e aluguel de casas a pessoas homossexuais. Porém, posso muito bem imaginar que o cristão talvez se oponha a um projeto de lei que conceda direitos civis especiais a homossexuais, além do que já está garantido a todas as pessoas em geral. Isto porque alguns trabalhos podem ser inapropriados a homossexuais. Por exemplo, você gostaria que uma lésbica praticante fosse a professora de educação física de sua filha na escola? Você gostaria que o treinador de seu filho fosse homossexual praticante que teria acesso ao vestiário e chuveiros com os garotos? Pessoalmente, eu não apoiaria um projeto de lei assim, que poderia forçar escolas públicas a contratar indivíduos para posições que colocariam em risco as crianças.

Surgem daí muitas questões. Será que aulas de saúde em escolas públicas deveriam ser obrigadas a ensinar que a homossexualidade é estilo de vida normal, saudável e legítimo? Claro que não! Será que crianças curiosas deveriam ser estimuladas a imaginar e fantasiar sobre funções sexuais? Deveriam receber como tarefa a leitura de livros como Heather has Two Mommies [Heather tem duas mamães]? Será que uniões homossexuais deveriam ser reconhecidas em pé de igualdade com casamentos heterossexuais? Será que casais homossexuais deveriam ser permitidos a adotar crianças, negando-lhes serem criadas por uma mãe e um pai adotivos? Em todos estes casos, pode-se defender restrições baseadas no bem e saúde públicos gerais. Não se trata de impor os valores pessoais sobre os demais, uma vez que elas se fundamentam nos mesmos princípios morais gerais usados, por exemplo, para banir o uso de drogas ou aprovar leis de acesso a armas. Liberdade não significa licença para praticar ações que prejudiquem os demais.

Resumindo, vimos, em primeiro lugar, que certo e errado são reais porque se fundamentam em Deus. Assim, se queremos descobrir o que é certo ou errado, devemos buscar o que as Escrituras dizem a este respeito. Em segundo lugar, vimos que a Bíblia consistente e claramente proíbe atos homossexuais, assim como o faz em relação a todos os atos sexuais fora do casamento. Em terceiro lugar, vimos que a proibição bíblica de tal comportamento não pode ser descartada como se fosse mero reflexo do tempo e cultura em que foi escrita, uma vez que ela se baseia no plano divino para o casamento entre homem e mulher, conforme Jesus afirmou e deixou explicitamente claro.[17] Ademais, mesmo sem a Bíblia, há princípios morais geralmente aceitos que implicam que o comportamento homossexual é errado.

Pois então, que aplicação prática tudo isto tem para nós, pessoalmente?

Primeiramente, se você for homossexual ou sentir tais inclinações, embora não tenha escolhido esses desejos, como cristão não pode escolher esses comportamentos ou se expor a essas tentações com as companhias que você tem, os filmes aos quais assiste ou as fantasias que permite alimentar. Tentações, por definição, devem ser resistidas. Se for cristão e solteiro, deve praticar abstinência de toda atividade sexual. É difícil, mas, de fato, o que Deus pede que você faça é o mesmo que ele exige de todos os solteiros. Significa não apenas manter puro seu corpo, mas, em especial, sua mente. Assim como heterossexuais devem evitar a pornografia, você também precisa manter limpa sua vida mental. Resista à tentação de racionalizar o pecado dizendo: “Deus me fez assim”. Deus deixou bem claro que ele não quer que você ceda a desejos sexuais fora do casamento heterossexual, mas que O honre mantendo puros sua mente e corpo. Foi dito sabiamente que o corpo não é um parque para a diversão sexual, mas um templo no qual adoramos e servimos a Deus.[18]

Por último, se estiver transtornado com desejos sexuais indesejados, busque aconselhamento cristão profissional. Desejos sexuais são, por natureza, muito viciantes. Sejam eles desejos adúlteros, pornográficos ou homossexuais, num país que respeita a liberdade de expressão, você deveria ser livre para buscar “terapias de conversa” para ajudá-lo. Com tempo e esforço, é bem possível que você venha a desfrutar de relações heterossexuais normais com seu cônjuge.

Estatísticas recentes mostram que 96,6% dos adultos identificam-se como heterossexuais, 1,6% identifica-se como gay ou lésbica e 0,7% como bissexual, enquanto 1,1% “não sabe”.[19] Isto implica que cerca de 3% da população não se identifica como heterossexual, mas apenas metade deste número se identifica como gay ou lésbica, com talvez 1% de gays.

Sempre há esperança para mudar. Não se pensa mais em “orientação” sexual como algo fixo, determinado rigidamente por nossa constituição genética. Não há nenhum “gene gay”.[20][21] Homossexuais podem desenvolver desejos heterossexuais, assim como heterossexuais que tiveram esposa e filhos podem desenvolver desejos homossexuais. Para muitos, os desejos se tornam fluidos, o que põe em causa toda a ideia de haver uma “orientação” fixa. Neurocientistas agora nos dizem que conexões nervosas no cérebro continuam “plásticas” por toda a vida adulta. Isto significa que elas mudam: novas células e circuitos conectores se desenvolvem a todo tempo. Todos sabemos que isto acontece em jovens, conforme evidenciado pela maneira como podem aprender a tocar um instrumento musical, aprender uma nova língua ou desenvolver habilidades informáticas. Agora, sabemos que este potencial para mudança nos circuitos nervosos do cérebro continua, em certo grau, ao longo da vida. Isto é crucial para a aprendizagem adolescente, quando os cérebros se desenvolvem rapidamente. As conexões neurológicas, reações emocionais e padrões estabelecidos e reforçados durante a adolescência terão impacto duradouro — por bem ou mal. Assim, adolescentes precisam se guardar através desse período tão vulnerável. Quando padrões homossexuais são estabelecidos cedo, antes de estabelecido o padrão heterossexual, mudança subsequente pode se mostrar verdadeira luta, apesar de ser ainda possível para quem está comprometido com a mudança.

Para aqueles que somos heterossexuais, precisamos lembrar que ser homossexual, em si, não é pecado. A maioria dos homossexuais não escolheu conscientemente tal orientação de seus desejos e muitos gostariam de mudá-los. Precisamos acolher e apoiar em amor irmãos e irmãs em Cristo que lutam com esses problemas, não os desprezando quando tiverem uma recaída. Como disse o apóstolo Paulo, devemos “chorar com os que choram” (Romanos 12.15). Não somos chamados a nos colocar em posição de juízo contra quem quer que seja, mas, sim, a estender o amor, acolhida e paciente amizade de Deus a todos. Palavras ou piadas vulgares sobre homossexuais nunca devem passar pelos lábios do cristão. Se você se vir feliz quando alguma aflição atingir um homossexual ou se tiver sentimentos de ódio a acumular-se em seu coração em relação a homossexuais, você precisa refletir com calma e cuidado sobre as palavras de Jesus registradas em Mateus: “no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para ti” (Mateus 10.15; 11.24).

 

[1] Richard Taylor, Ethics, Faith, and Reason (Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1985), pp. 83-84.

[2] Ibid.

[3] Ibid., pp. 2-3. 

[4] Para uma abordagem detalhada desta questão, ver Thomas Schmidt, Straight and Narrow? (Downers Grove, Ill.: Inter-Varsity Press, 1995).

[5] The Hidden Epidemic: Confronting Sexually Transmitted Diseases. Institute of Med. (US) 1997 

[6] Centre for Disease Control and Prevention (CDC) National Overview of STDs, 2017.

[7] Glick S. Et al. A comparison of sexual behaviour patterns among men who have sex with men and heterosexual men and women. J Acquir Immune Defic Syndr 2012 May 1; 60(1): 83-90.

[8] Chakrabarty A. et al. Mental health of the non-heterosexual population of England. BJP 2011, 198:143-148.

[9] King et al. A systematic review of mental disorder, suicide and deliberate self harm in lesbian, gay and bisexual people. BMC Psychiatry 2008; 8:70

[10] American Cancer Society website.

[11] CDC National Overview of STDs, 2017.

[12] European Centre for Disease Prevention and Control, Annual epidemiological report for 2016. Disponível em: https://ecdc.europa.eu/en/annual-epidemiological-reports-2016.

[13] Jansen K et al, Increased incidence of syphilis in men who have sex with men and risk management strategies, Germany 2015 Euro Surveill.2016 Oct 27:21(43)

[14] CDC National Overview of STDs 2017

[17] Mateus 19.4-6, Marcos 10.6-9.

[18] Ver 2 Coríntios 6.16-18.

[19] National Health Interview Survey (NHIS) 2013, sondagem coletada de 34.557 adultos maiores de 18 anos.

[20] Melinda C. Mills. How do genes affect same-sex behaviour? Science 30 de agosto de 2019. Vol. 365. Issue 6456, p. 869 https://science.sciencemag.org/content/365/6456/869.full

[21] Ganna A et al. Large-scale GWAS reveals insights into the genetic architecture of same-sex sexual behaviour. Science 30 Aug 2019. Vol 365, Issue 6456, https://science.sciencemag.org/content/365/6456/eaat7693