English Site
back
5 / 06

#571 “Seria eu alguém que busca a verdade?”

December 16, 2018
Q

Será que Deus me consideraria alguém que busca a verdade ou alguém que simplesmente “cerca suas apostas”? Trata-se de uma pergunta muito pessoal. Nesta mesma época no ano passado, eu era tão ateu quanto os outros. Para ser honesto, acho que tinha um senso de arrogância na crença de que, exatamente nesse sentido, eu era mais “iluminado” do que aqueles que sofriam do “delírio de Deus”. Sentia orgulho por contar entre os que estavam certos sobre essa questão fundamental. Recentemente, porém, passei a me chamar e até a me considerar como “cético”. Só não sei se posso ser considerado “alguém que busca a verdade”. Costumava pensar que, de certa forma, fosse racional dizer a mim mesmo que, se existe um deus zeloso, espero que virei a crer nele/nela/nisso até antes de eu morrer. Ou, no mínimo, se Deus existe, ele me entenderá/perdoará a falta de fé. Vai acabar tudo bem, desde que eu me comporte corretamente. Afinal, será que eu poderia ser culpado/condenado simplesmente por não crer? Cheguei à conclusão de que, mesmo que a pessoa não venha a ser responsabilizada por não crer, ela pode ser responsabilizada por não tentar crer. Talvez a Aposta de Pascal não possa ser descartada tão facilmente. Levou um pouco de tempo para eu chegar até aqui, mas acho que estou pronto para dizer que, embora não creia em Deus, quero fazê-lo. Isto me tornaria alguém que busca a verdade ou alguém que está apenas cercando suas apostas depois de reconhecer a validade do argumento de Pascal?

Tim

Estados Unidos

United States

Dr. Craig responde


A

Penso que qualquer um que tenha gastado seu tempo e empenho para me escrever com tanta sinceridade sobre este assunto certamente esteja qualificado como alguém que busca a verdade, Tim! Quem não está buscando a Deus é hostil ou indiferente a Deus. Em contraste, o tom humilde e desconcertante de sua carta revela um coração aberto a Deus. Ele já começou a boa obra em sua vida!

Eu só o alertaria sobre a culpabilidade da descrença. O que condena o descrente não é que seu inventário de crenças carece de determinado membro. Deus não está preparando um inventário de suas crenças para ver se inclui a crença B ou não. Antes, o que condena o descrente é sua recusa de depositar sua confiança em Cristo como seu Salvador. Encontramo-nos moralmente culpados e, portanto, justamente condenados diante de um Deus santo. Cristo morreu para pagar a pena pelo pecado, a fim de que você seja perdoado e declarado justo diante de Deus. Deus opera mediante seu Espírito Santo, convencendo-o do pecado e atraindo-o para Si. Se deixarmos de resistir ao Espírito Santo e permitirmos que ele faça seu trabalho, ele nos levará à fé salvadora com Cristo como nosso Salvador. Porém, se recusarmos a obra do Espírito Santo, afastaremos a Deus e, assim, nos separaremos da graça e perdão divinos. Não é tanto que careçamos de determinada crença, mas que resistamos a Deus e recusemos confiar nele para receber o perdão e a purificação.

Igualmente, a simples tentativa de fazer aumentar a crença em Deus fica aquém do propósito. Seria uma espécie de obra que você executa para se fazer aceitável a Deus, em vez de submeter-se à obra de Deus em sua vida. Para promover tal obra, eu o encorajaria a ler os evangelhos e a pedir a Deus para lhe dar fé nele. Pascal concordaria com esta recomendação. Embora ele tenha aconselhado os libertinos apostadores de sua época a apostarem em Deus, ele admitiu que a verdadeira fé talvez não surja a menos que a pessoa fique imersa nas práticas cristãs que promovem a crença em Deus.

- William Lane Craig