#841 “Ainda não morri!”
June 26, 2023A pergunta não é sobre predestinação ou fatalismo. Diz respeito ao modo em que Deus experimenta a relação com almas humanas postumamente. Dado o livre-arbítrio humano, será que a perspectiva de Deus sobre o destino humano individual passa por transição da presciência para uma espécie de experiência realizada, quando “realmente” acontece? Por exemplo, Deus me conhece de modo total e perfeito. Porém, mesmo que Deus tenha presciência perfeita do meu destino eterno no céu, será que ele só “experimenta” realmente a minha relação celeste consigo, uma vez que ela é realizada no mundo “real”, ou será que a Sua presciência já inclui esta experiência completa da minha presença final no Seu reino, uma vez que a Sua mente contém todas as proposições sobre o “mundo real”? O senhor acha que depende da teoria do tempo que se adota? Parece-me que ter presciência de certa experiência é diferente da experiência real, mesmo que a presciência seja perfeita. Isto parece apoiar a teoria flexiva do tempo, suponho eu.
Obrigado!
Ian
Estados Unidos
Dr. Craig responde
A
A resposta à sua pergunta, ao que me parece, Ian, depende da sua visão acerca da relação de Deus com o tempo. Se Deus está no tempo, conforme eu creio, Ele claramente não pode estar experimentando agora a comunhão comigo no céu, uma vez que ainda não morri e não fui para lá! Ele tem a presciência (assim espero!) de que estarei lá, mas, quando eu me desvencilhar deste tumulto mortal, a Sua presciência dará lugar ao conhecimento e experiência presentes. Por meio da Sua plena presciência do futuro, Ele sabe, em cada detalhe, os fatos no tempo futuro da minha existência celestial, mas não pode saber: “Bill Craig está agora comigo aqui”.
Como você indica, a minha resposta pressupõe a “teoria flexiva do tempo”, segundo a qual o devir temporal é característica objetiva da realidade e não apenas uma experiência humana subjetiva. Conforme o expressa Larry Norman, com profundidade: “Ainda não morri!” [“I ain’t dead yet!”].
- William Lane Craig