#173 Argumentação e Exercício de Lógica
October 28, 2014Olá Dr. Craig,
Minha pergunta é a respeito do seu trabalho em Philosophical Foundations for a Christian Worldview [Filosofia e Cosmovisão Cristã]. Em Argumentação e Lógica eu fiquei confuso pelo argumento B no primeiro exercício dado na página 39.
O argumento é como segue:
1. Deus é atemporal somente se ele é imutável.
2. Deus é imutável somente se ele não sabe que horas são agora.
3. Se Deus é onisciente, então ele sabe que horas são agora.
4. Deus é onipotente e onisciente.
A atribuição é simbolizar cada argumento e tirar a conclusão afirmando a regra e a justificativa de cada etapa.
Então, eu acho que o argumento deve ser semelhante ao seguinte:
1. P → Q
2. Q → R (MP 1)
3. S → T
4. O & S (MP/Conj. 3)
Estou confuso com a forma como o argumento pode ir da imutabilidade de Deus para sua onisciência.
Eu não sei que regra está sendo usada e eu estava esperando que você pudesse me ajudar a pensar melhor sobre estas nove regras da lógica e quais são utilizadas neste argumento.
Obrigado e que Deus abençoe!
Daniel
United States
Dr. Craig responde
A
Este é um bom exercício para os nossos leitores. Que erro(s) Daniel cometeu? Será que ele simbolizou corretamente as quatro premissas? O que se segue a partir delas? Você consegue citar as regras de inferência que são utilizadas neste argumento? Tome um momento para trabalhar neste problema antes de continuar lendo.
Então, Daniel, onde você errou? Em primeiro lugar, alguns pontos menores: (2) não é uma inferência a partir de (1) com a regra MP (modus ponens) como sua notação indica. É apenas uma premissa em seu próprio direito. Modus ponens é a regra que lhe permitiria inferir P → Q e P que, portanto, Q. Mas neste argumento P não aparece como uma premissa; é apenas a cláusula antecedente de (1).
Em segundo lugar, premissa (4) igualmente não é uma inferência, mas apenas uma premissa no argumento. É um conjunto, mas não está usando a regra de inferência chamado Conjunção para inferir de O e S que, portanto, O & S. O argumento não "pode ir da imutabilidade de Deus para sua onisciência."
O seu erro principal, Daniel, ocorre em sua simbolização das premissas (2) e (3). Olhe para a cláusula consequente de (2) e a cláusula consequente de (3). A cláusula consequente de (2) é apenas a negação da cláusula consequente de (3)! Assim, a cláusula deve ser simbolizada pela mesma letra com um sinal de negação "¬" na frente dela, então:
2. Q→ ¬R
Então (3) deveria tornar-se:
3. S → R
Nossa simbolização das premissas deveria parecer-se com isso agora:
1. P → Q
2. Q → ¬R
3. S → R
4. O & S
OK, agora aplique suas regras de inferência e o onde você chega?
5. S |
(Simplificação, de 4) |
6. R |
(Modus ponens, de 3, 5) |
7. ¬¬R |
(Dupla Negação, de 6) |
8. ¬Q |
(Modus tollens, de 2, 7) |
9. ¬P |
(Modus tollens, de 1, 8) |
Em Inglês: podemos inferir que Deus não é atemporal. Muito bacana, né? Agora tudo o que temos a fazer é avaliar a verdade das premissas para ver se temos um argumento sólido para temporalidade de Deus. Para essa discussão ver o meu Time and Eternity.
- William Lane Craig