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#151 Molinismo e Evangelismo

October 28, 2014
Q

Dr. Craig,

Meus agradecimentos a você e a todas as pessoas boas do Reasonable Faith. Eu sou um pastor e seus recursos têm sido uma bênção para mim (e, portanto, para as pessoas a quem eu ministro) através do desenvolvimento de minha teologia e filosofia.

A minha pergunta diz respeito à evangelização do ponto de vista do conhecimento médio. Você disse em um de seus podcasts (e peço desculpa se eu deturpar você aqui) que o conhecimento médio de Deus deve dar-nos profunda coragem quando evangelizamos, sabendo que Deus providencialmente ordenou de tal forma que aquelas pessoas que, de fato respondem ao evangelho, serão algumas das pessoas com quem partilhamos a mensagem. Eu concordo!

No entanto, isso não nos dá, no meu pensamento, um ímpeto para evangelizar. Porque, se eu não for e fizer o difícil trabalho de evangelismo, eu posso descansar confortavelmente sabendo que aqueles a quem eu não levar o evangelho foram providencialmente colocados assim por Deus, porque Ele sabia que eles não iriam responder ao evangelho, mesmo ouvindo-o. Parece que alguém não poderia evangelizar por preguiça e ter uma consciência limpa sobre isso, fora o fato de que Bíblia nos ordena a fazê-lo (o que é a mesma crítica imposta contra muitos calvinistas sobre este tema "se a salvação é somente pela eleição de Deus, então Eu não preciso evangelizar").

Então, enquanto eu concordo que a perspectiva do conhecimento médio nos dá encorajamento quando evangelizamos, parece dar uma espécie de "passe" no evangelismo se nos esquivarmos dessa responsabilidade. Claro, isso não é um argumento contra o conhecimento médio, apenas uma dificuldade para mim.

Eu gostaria de receber qualquer sabedoria que você puder dar neste assunto.

Brandon

United States

Dr. Craig responde


A

Ótimo ouvir de você, Pastor! Obrigado por seu serviço para o rebanho do Senhor! Estou muito feliz que você achou o material no ReasonableFaith.org útil em seu ministério.

Na verdade eu já discuti a sua pergunta em uma troca de artigos com o filósofo William Hasker, que estão disponíveis nesse site sob Artigos Acadêmicos: Particularismo Cristão. Você pode já ter lido "'No Other Name': A Middle Knowledge Perspective on the Exclusivity of Salvation Through Christ." [Nenhum Outro Nome: Uma Perspectiva do Conhecimento Médio sobre o Exclusivismo da Salvação Através de Cristo.] Se sim, o próximo a ler é "Should Peter Go to the Mission Field?" [Pedro Deveria Ir Para o Campo Missionário?], escrito em resposta ao artigo de Hasker no Faith and Philosophy 8 (1991), pp. 380-89. Se você realmente tem interesse, leia o "Does the Balance Between Saved and Lost Depend on Our Obedience to Christ's Great Commission?" [O Equilíbrio entre Salvos e Perdidos Depende de Nossa Obediência à Grande Comissão de Cristo?]. Finalmente, você pode querer dar uma olhada no "Should Peter Get A New Philosophical Advisor?" [Pedro Deveria Conseguir um Novo Conselheiro Filosófico?], uma resposta a outra crítica do incansável Hasker em Philosophia Christi. Felizmente, estes todos são trabalhos curtos.

O que eu afirmo é que molinismo fornece uma perspectiva adequada, positiva em missões no lugar do ponto de vista negativo, cheio de culpa que, se eu não for, então as pessoas vão para o inferno, que de outra forma teriam sido salvas. Essa perspectiva negativa, quando você pensa a respeito, é realmente horrível: que Deus iria condenar as pessoas para o inferno por causa do acidente histórico da minha desobediência. Certamente Deus não permitiria que a salvação ou condenação deles dependesse do grau da minha obediência ao chamado para a evangelização! Além disso, uma motivação negativa é, creio eu, muito ruim para a alma, criando culpa e ressentimento para com Deus, em vez de serviço alegre. O impulso para a evangelização não precisa e, de fato, não deve ser negativo.

A motivação positiva para a evangelização é que eu posso ser o meio de levar a salvação às pessoas que Deus designou-me para conhecer. Como Paulo disse: "Nós somos embaixadores da parte de Cristo, Deus exorta por nosso intermédio." Que privilégio! Concordo que o calvinista pode e deve ter essa mesma motivação positiva. Isto é motivação suficiente. Não devemos tentar fazer com que pessoas preguiçosas evangelizem por uma consciência culpada (embora, é claro, essa pessoa seja culpada de desobediência, o que é ruim o suficiente!)

No entanto, isso não quer dizer, como você diz, que, se eu não for, e fizer o difícil trabalho de evangelismo, eu posso descansar confortavelmente, sabendo que aqueles a quem eu não levar o evangelho foram providencialmente colocados assim por Deus, porque Ele sabia que eles não iriam responder ao evangelho, mesmo ouvindo-o.

Primeiro, observe o ponto sutil que você fez um indicativo condicional, e não um subjuntivo (contrafactual) condicional. Você está falando de alguém que realmente não vai, e assim assume que as pessoas com quem ele não falou a respeito de Cristo estão perdidas, e não teriam respondido se ele tivesse falado com elas. Mas seu raciocínio é falacioso. Só porque ele não compartilhou o Evangelho com elas não significa que ninguém mais fez isso também! Deus pode ter arranjado para outra pessoa ter o privilégio que ele perdeu de levar a salvação para elas. Além disso, pode ser que se ele tivesse sido obediente e ido, então Deus teria usado ele para trazê-los para a salvação ou, melhor ainda, teria criado outras pessoas, diferentes, que teriam sido ainda mais sensíveis à sua mensagem, de modo que ainda mais pessoas teriam sido salvas!

O que você realmente quer saber, eu acho, é: se eu for e fizer o difícil trabalho de evangelismo, haveria pessoas que seriam salvas, mas que não teriam sido salvas se eu não tivesse ido?

A resposta a essa pergunta é que pode muito bem existir essas pessoas. Por que, se você não fosse, pode ser que Deus não os tivesse criado. Assim, embora elas não tivessem sido perdidas como resultado de sua desobediência, ainda assim não teriam sido salvas porque não teriam existido. Pode muito bem ser o caso que você fosse e compartilhasse o evangelho, as pessoas seriam salvas, que de outra forma não teriam sido salvas. Certamente isso dá um impulso adicional para o evangelismo!

- William Lane Craig