English Site
back
5 / 06

#112 A Trindade e a Encarnação

January 14, 2015
Q

Pergunta 1:

Dr. Craig,

Primeiro deixe-me começar dizendo que sua aula dos Defender tem se tornado parte da minha rotina diária. Uso parte da minha hora de almoço (aproximadamente 45 minutos) escutando no meu Ipod e tomando nota.

Enquanto escutava a séria Doutrina de Cristo, que eu já completei, somente uma pergunta me colocava na beira da minha cadeira e eu estava esperando que alguém na aula perguntasse! Você estava dando uma teoria plausível de como reconciliar o fato que a trindade consiste de 3 pessoas, porém Jesus, para qualificar como totalmente Deus e totalmente homem, pode ser considerado um problema ao acrescentar uma “4a” pessoa a trindade. Você então continuou discutindo que era possível que todos os atributos do Logos foram guardados no subconsciente da mente de Jesus. E o atributo da onipresença? Onipresença não tem a qualidade de ser consciente ou inconsciente mais do que a cor do meu cabelo sendo um que eu reconheça ou não.

Então para encurtar, como você concilia o atributo divino de onipresença no Logos e o corpo físico limitado de Jesus?

Aaron

Pergunta 2:

Dr. Craig,

Obrigado por seu ministério. Seu trabalho e seu exemplo são uma verdadeira inspiração.

Eu tenho estudado a trindade, e tenho uma pergunta sobre como a trindade e a encarnação relacionam-se um com o outro. Da forma como eu entendo, na encarnação uma natureza humana foi acrescentada e unida com a natureza divina eterna do Filho. Como eu entendo a trindade, a natureza divina é uma, uma unidade em que as três pessoas divinas subsistem. Então a pergunta é, se a natureza divina do Filho é unida com a natureza humana, isso não afeta a natureza divina do Filho e do Espírito também, já que ele compartilham a mesma, indivisível natureza divina com o Filho? Eu luto para entender como a união de duas naturezas em Cristo é “compartimentalizada” no Filho, sem de alguma forma “adulterar” a natureza divina nas outras duas pessoas. De fato, a pessoa de Cristo é distinta do Pai e do Espírito, mas os três compartilham em uma natureza divina, que agora parece incluir a natureza humana de Cristo.

Espero que esta pergunta esteja clara. Tentar entender a trindade pode ser confuso às vezes. Obrigado por qualquer ajuda que você possa prover nesse assunto.

Clark no Bronx

United States

Dr. Craig responde


A

Como vocês dois observaram, as doutrinas da Trindade e da encarnação estão conectadas de formas interessantes. Vamos pegar sua pergunta primeiro, Clark. Sim a natureza de Deus é uma tanto no sentido que existe uma essência de Deus composto de propriedade que todos os membros da trindade compartilham, tal como asseidade, eternidade, onipotência, onisciência, etc., e no sentido que existe apenas uma entidade concreta que é Deus (veja Pergunta 111 sobre as naturezas individuais). Eu acho que as pessoas da trindade, que são distintas uma da outra, também tem propriedades contingentes que não são compartilhados por todas as três pessoas. Por exemplo, apenas o Filho tem a propriedade de ter uma natureza humana assim como divina.

Agora, sua pergunta é como o Filho pode assumir uma natureza humana sem a natureza das outras duas pessoas ser afetada. Eu vejo que você pensa que se o Filho está encarnada, então segue que o Pai e o Espírito devem encarnar-se também, já que eles compartilham a mesma natureza. A presunção errônea por trás de sua pergunta, eu acho, é que seja a natureza em vez da pessoa do Filho que torna-se encarnada. A doutrina da encarnação não é que a natureza divina do Filho de alguma forma tomou um natureza humana. Na verdade a alegação é que a segunda Pessoa da trindade, que tem uma natureza divina, acrescentou a sua natureza divina uma natureza humana também. Então você não deveria pensar na encarnação em termos de duas naturezas que de alguma forma se misturando; de fato, a formulação clássica é que as naturezas permanecem sem mudança e distintas na encarnação. Elas são unidas somente no sentido que há uma pessoa que tem as duas.

Então é um erro dizer que “a natureza divina unida...agora parece incluir a natureza humana de Cristo.” Au contraire, as naturezas permanecem distintas até mesmo para o Filho. Isto é evidente no fato que o fato do Filho ter uma natureza humana é um fato contingente a respeito dele; em mundos possíveis em que Deus deixa de criar a Segunda Pessoa da trindade não tem natureza humana. Então sua humanidade não pode fazer parte de sua natureza divina ou essência.

Já que nem o Pai e nem o Espírito tomaram um corpo humano, eles não tem naturezas humanas somadas a sua natureza divina. Apenas o Filho assumiu carne e assim tomou a natureza humana.

Agora em resposta a sua pergunta, Aaron, meu objetivo era achar um relato biblicamente fiel e logicamente coerente da encarnação que dá a Cristo duas naturezas completas, humana e divina, mas que não postula duas pessoas em Cristo, uma pessoa humana e uma pessoa divina (uma heresia conhecida como Nestorianismo). Eu faço isso postulando que a alma de Jesus de Nazaré era o Logos divino. Afim de fazer tal relato biblicamente adequado, eu diferencio de forma significativamente teológica entre a vida consciente de Jesus e seu subconsciente durante sua jornada terrestre (o assim chamado estado de humilhação).

Agora você quer saber como tal relato lida com a onipresença do Logos durante seu estado de humilhação. Se você escutar os podcasts do Defenders sobre a doutrina de Deus, você irá encontrar que quando o assunto é onipresença, eu atribuo o significa disso, não que Deus está espalhado como um éter pelo espaço, mas que ele é conhecedor e causalmente ativo e todos os pontos do espaço. Isso ainda pode ser possuído pelo Logos durante seu estado de humilhação. Só não era parte da vida consciente de Jesus.

Eu suspeito que sua dificuldade é que você está pensando na encarnação como o Logos de alguma forma se encolhendo para o tamanho de um corpo humano. Mas então você está fazendo o mesmo erro que Clark: pensando na encarnação como algo que a natureza divina faz em vez de algo que a pessoa divina faz. O Logos assume um corpo humano como seu; mas ele não cessa de ser conhecedor e causalmente ativo em cada ponto do espaço.

- William Lane Craig